Segunda, 03 de Agosto de 2015
Traffic Shaping (Tráfego Moderado)
Desde 2009, o Measurement Lab monitora a rede do Brasil e outros países, e obtém a porcentagem dos testes que sugerem Traffic Shaping. E você pode usar o teste em casa também.
O teste Glasnost existe há anos e verifica se você sofre com traffic shaping, seja em torrents ou vídeos em Flash. Ele usa um applet em Java para medir a velocidade de download. Você pode usá-lo neste link. Esta é apenas uma de várias ferramentas que notam a existência de traffic shaping – o Measurement Lab recomenda outros aqui.
O traffic shaping não é exclusivo do Brasil – outros países sofrem com ele – só que mais restrições à nossa internet já limitada nunca é boa notícia. Enquanto não for aprovado o Marco Civil da internet brasileira, que pretende banir o Traffic Shaping no país, ainda teremos que conviver com essa prática.
O que é Traffic Shaping?
Traffic Shaping é um termo da língua inglesa (modelagem do tráfego), utilizado para definir a prática de priorização do tráfego de dados, através do condicionamento do débito de redes, a fim de otimizar o uso da largura de banda disponível. Em outras palavras, é quando provedores de internet reduzem a velocidade apenas de certos conteúdos, como vídeo online e downloads de arquivos.
O termo passou a ser mais conhecido e utilizado após a popularização do uso de tecnologias "voz sobre ip" (VoIP), que permitem a conversação telefônica através da internet. O uso desta tecnologia permite que a comunicação entre localidades distintas tenham seus custos drasticamente reduzidos, substituindo o uso das conexões comuns.
No Brasil, suspeita-se que a prática passou a ser adotada pelas empresas de telefonia que adotaram, em algum trecho de sua rede, tecnologias de voz sobre o protocolo IP, apesar de condenada por algumas instituições protetoras dos direitos do consumidor. Estas empresas utilizam programas de gestão de dados que acompanham e analisam a utilização e priorizam o tráfego digital (pacotes), bloqueando, retardando ou diminuindo o tráfego de dados VoIP que contenham determinados atributos não desejados pelo gestor da rede, assim prejudicando a qualidade do uso deste tipo de serviço. A prática também é comumente adotada para outros tipos de serviços, conhecidos por demandar grande utilização da largura de banda, como os de transferência de arquivos P2P e FTP por exemplo, ou de "streaming" de portais de internet que transmitem video etc.
Os programas de traffic shaping poderão ainda fazer logs dos tipos de utilizadores, pegar informações sobre IPs acedidos, ativar gravações automáticas a partir de determinadas condutas, reduzir ou interferir na transferência de dados de cada utilizador, bloqueando redes peer-to-peer (P2P) ou FTP.
Como saber se minha operadora faz Traffic Shaping?
É provável que você já tenha passado pela seguinte situação: de repente, sua internet parece que ficou lenta, principalmente para realizar algum tipo de atividade específica, como fazer downloads via compartilhadores P2P ou assistir a um vídeo na internet. Paranoias à parte, é possível que sua operadora de internet esteja limitando o uso da banda de propósito – e a isso se dá o nome de Traffic Shaping.Não é toda empresa que confirma a existência de tal prática, entretanto, se mesmo após a negativa por parte da operadora você continuar desconfiado, o ideal é realizar alguns testes para verificar por conta. Um dos serviços mais bem conceituados para isso é o Glasnost, um teste realizado pelo próprio navegador e que dá informações detalhadas sobre a situação da conexão.
Antes de começar a falar do teste em si, vale lembrar que os dados apresentados por ele não são definitivos, tanto é que os resultados sempre exibem a informação de que “há indícios” ou “não há indícios” de que haja Traffic Shaping (também chamado de limite de tráfego) em sua rede.
O serviço conta com vários testes diferentes (nove ao todo), mas o método para utilizá-los é sempre o mesmo. Eles estão divididos em três categorias:• P2P apps – BitTorrent, eMule, Gnutella: transferência via compartilhadores de arquivos que usam redes P2P;• Standart apps – Email (POP), Email (IMAP4), HTTP transfer, SSH transfer, Usenet (NNTP): ações básicas como envio e recebimento de emails e transferências feitas via navegador;• Video-on-Demand – Flash vídeo (YouTube): assistir a vídeos em Flash online em sites como Vimeo e YouTube.
Pode gerar processos na justiça?
Um cliente da Comcast, o segundo maior provedor dos EUA, processou a empresa por esta limitar a velocidade da ligação em aplicações de partilha de arquivos peer-to-peer. No processo, que deu entrada num tribunal da Califórnia, o cliente alega que as velocidades anunciadas pela Comcast são falsas, já que o ISP limita severamente a velocidade de certas aplicações da internet como as de partilha de arquivos peer-to-peer.
As suspeitas de que a Comcast bloqueia tráfego peer-to-peer foram confirmadas por uma investigação da Associated Press, que descobriu que a fornecedora de serviço de internet utiliza um método - que envolve o envio de pacotes de dados modificados - para filtrar o tráfego dos programas que utilizam o protocolo de partilha de arquivos BitTorrent. O problema afeta outras aplicações, como o software colaborativo Lotus Notes, da IBM.
A Comcast nega que bloqueia tráfego, mas admite que atrasa a transmissão de dados para manter a qualidade do serviço, uma prática utilizada por alguns servidores que recebe o nome Traffic Shaping.
O cliente pretende ser indenizado conjuntamente com todos os outros clientes da Comcast na Califórnia, e que o ISP seja forçada a parar com as interferências na velocidade da ligação.